terça-feira, 23 de julho de 2013

Polícia esclarece hoje morte de jornalista e outros crimes

“Tem ainda muitos policiais de patentes superiores sendo investigados. Tem major, capitão e até coronel. E ainda três delegados e empresários", argumenta deputado.
Rodrigo Neto foi assassinado em 08 de Março e Carvalho (Direita) , 37 dias depois.




DIARIO DO AÇO -  A Polícia Civil anuncia para  terça-feira (23), às 11h, detalhes do resultado do trabalho investigativo da força-tarefa que apurou uma série de homicídios ocorridos em Ipatinga e outras cidades do Vale do Aço, entre eles os casos do repórter Rodrigo Neto e do fotógrafo Walgney Carvalho.
As informações serão repassadas à imprensa durante uma entrevista coletiva, agendada para a sede do 12º Departamento de Polícia Civil de Ipatinga.  A expectativa maior é em torno dos nomes dos mandantes dos crimes contra Rodrigo Neto e Walgney Carvalho, e, principalmente, a motivação de cada um dos casos.
O possível desfecho para o Caso Rodrigo Neto é esperado com expectativa no Vale do Aço. O crime foi há exatos 138 dias. Embora onze policiais estejam atualmente sob prisão preventiva, apenas um deles, o investigador Lúcio Lírio Leal, é suspeito de envolvimento na morte do repórter, na companhia de Alessandro Augusto Neves, o Pitote, que não era policial, mas tinha trânsito livre na delegacia da PC em Coronel Fabriciano. Todos os demais, inclusive o capitão PM Charles Clemicius Dinis Teixeira, alvo de um mandado de prisão cumprido na sexta-feira, 19, são acusados de crimes antigos, cuja impunidade era denunciada por Rodrigo Neto.
Onze policiais suspeitos de envolvimento com crimes impunes tiveram prisão temporária decretada desde o assassinato do fotógrafo Walgney Assis Carvalho, ocorrido em 14 de abril. Dos policiais presos, três são militares e os outros sete são civis.
O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas, deputado Durval Ângelo, afirmou neste fim de semana que novas prisões serão efetuadas. “Tem ainda muitos policiais de patentes superiores sendo investigados. Tem major, capitão e até coronel. E ainda três delegados e empresários. Nesses dez anos de crimes no Vale do Aço, são dezenas e dezenas de policiais envolvidos.”
Rodrigo Neto foi executado em 8 de março passado, quando uma dupla de motoqueiros parou próximo ao veículo do repórter, que se encontrava no bairro Canaã, e efetuou vários disparos. No dia 14 de abril, 37 dias depois, o fotógrafo Walgney Assis Carvalho também foi assassinado a tiros, numa suposta queima de arquivo.
Investigações da Polícia Civil apontam que Rodrigo Neto morreu em decorrência das denúncias que ele fazia, principalmente sobre crimes que envolviam policiais da região.
Uma das possibilidades é o “incômodo” que o repórter provocava em relação ao assassinato do cabo Amarildo. Dias depois da morte do policial e prisão e identificação – em tempo recorde – de todos os envolvidos, Ludovino de Siqueira, 66 anos, foi assassinado. O idoso, executado a tiros no dia 22 de fevereiro, era pai de Daniel Wattson, um dos suspeitos de envolvimento na morte do cabo Amarildo. O assassinato de Ludovino foi atribuído a uma vingança. Rodrigo Neto chegou a relacionar, no programa de rádio do qual participava, que o caso caminhava de forma semelhante à Chacina de Belo Oriente, em que foram mortas três pessoas da família de um acusado de matar um policial civil.

Impactos
O Caso Rodrigo Neto, que já repercutia nacionalmente, ganhou ares de escândalo com repercussão até na imprensa internacional depois da morte do fotógrafo Walgney Carvalho, que dizia nos bastidores saber quem tinha matado Rodrigo Neto. O governo de Minas Gerais transformou em força-tarefa, a partir de 15 de abril, o trabalho de uma equipe de Belo Horizonte que apurava o crime contra o repórter. A equipe também reabriu casos antigos, denunciados pelo repórter. Ao todo, foram listados 14 crimes, como o duplo homicídio da Padaria Guerra, pelo qual o capitão PM Charles foi preso na sexta-feira, e a chacina de Revés do Belém, em que quatro adolescentes foram mortos, supostamente por policiais civis.
Além de policiais, a força-tarefa já denunciou empresários por fraudes. Ao mesmo tempo, a corregedoria encaminhou denúncias contra o investigador Werley Glicério Furbino, por suspeitas de irregularidades cometidas quando Ley do Trânsito, como é conhecido, comandou a Circunscrição Regional de Trânsito em Ipatinga. Houve a reestruturação do comando da PC em Ipatinga e a transferência de oito policiais civis. Alguns deles, entretanto, já retornaram.

Denunciados
Quatro investigadores da Polícia Civil suspeitos de envolvimento no assassinato de quatro adolescentes, moradores do bairro Caravelas, foram denunciados pelo Ministério Público da comarca de Caratinga na semana que passou. O crime ocorreu em outubro de 2011, no distrito de Revés do Belém, município de Bom Jesus do Galho. José Cassiano Ferreira Guarda, Jimmy Casseano Andrade, Leonardo Alves Correa e Ronaldo de Oliveira Andrade já estavam detidos na casa de custódia do Policial Civil em Belo Horizonte, em razão das investigações da força-tarefa.
Informações do inquérito revelam que, no dia 24 de outubro, os adolescentes foram apreendidos por tráfico de drogas. Ouvidos na 1° Delegacia de PC em Ipatinga, foram liberados. Ao saírem, os jovens jogaram pedras nas viaturas. Por isso, foram perseguidos e capturados. Uma semana após o “incidente”, os corpos deles foram encontrados, com perfurações na nuca, em meio a uma plantação de eucaliptos. Até a morte de Rodrigo Neto, ninguém havia sido punido

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